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12 Mar 2021

A DAO é uma gestora quant ou sistemática?


Em nossas muitas reuniões com clientes e parceiros de distribuição, uma pergunta que aparece com certa frequência é: afinal, DAO é uma casa quant ou sistemática? A dúvida é compreensível, dado que produtos quantitativos são relativamente recentes e ainda bem pouco difundidos no Brasil.

Existem várias definições, mas a que nós adotamos é a de que estratégias quantitativas englobam aquelas baseadas em fatores de investimento, tendências, reversões, arbitragens, anomalias estatísticas, entre outras. São estratégias que buscam identificar (quantificar) sinais de investimento de forma objetiva.

Todas essas estratégias podem ser implementadas de forma sistemática, discricionária, ou uma combinação das duas. O investidor / gestor pode usar o ferramental quantitativo como um “filtro de ideias” dentro de uma abordagem discricionária; ou pode sistematizar suas regras de investimento e utilizar os sinais quantitativos para determinar investimentos e desinvestimentos.

A abordagem adotada pela DAO é a de Factor Investing, implementada de forma 100% sistemática. Isso é, temos um conjunto de regras previamente estabelecidas e as seguimos à risca. O poder de decisão do gestor é exercido na construção e calibragem do modelo, não na seleção posterior de ativos que comporão a carteira.

Mais uma distinção importante: os fatores a que nos expomos são os chamados de estilo, notadamente Valor, Qualidade, Momentum e Volatilidade. Isso nos difere dos fundos que focam nos fatores macro tais como juros, câmbio, spread de crédito, atividade econômica etc. Fazendo um paralelo, nossa abordagem de fatores de estilo nos coloca próximos dos gestores bottom-up, que analisam o mercado de acordo com os fundamentos das empresas, ao passo que os fatores macro (juros, câmbio, crédito, etc.) são mais parecidos com uma gestão top-down de investimentos.

Então, sim, podemos ser chamados de fundo quant, mas a definição mais precisa seria fundo sistemático baseado em fatores. É um sub-conjunto do universo quantitativo. Não faz muito sentido comparar gestores com estratégias e formas de implementação tão diferentes, simplesmente porque elas adotam abordagens quantitativas.

É preferível fazer o enquadramento com base em classes de ativos e métricas de risco dos fundos. Exemplo: um fundo fatorial que invista quase 100% do patrimônio em ações brasileiras deveria ser comparado com outros fundos de ações, mesmo que esses não tenham nada de sistemático. Um fundo quant que opere em juros, moedas, commodities e ações, e que tenha uma volatilidade de 5% a 8% ao ano deveria ser comparado com outros fundos multimercados, sejam esses quantitativos ou fundos macro convencionais.

Fabio Motta, CFA